Compositor: Laurie Darmon
De qual Oriente ela está falando?
Essa bela senhora das lembranças
Quando nos conta sobre sua juventude
No antigo porto de Alexandria
Ela era uma jovenzinha prudente
Enquanto suas amigas dançavam
Por todos os bailes, todas as festas
Onde elas sempre se encontravam
E as fotos são viradas
No cantinho da mesa
Eu vejo ela, tão frágil
Derramando algumas lágrimas
Ela se lembra de tudo
Dos perfumes, das cores
O tempo não apagou nada
Estão ali no seu coração
Ela me conta os detalhes
Despreocupada como uma fruta
Que cresceu em meio à batalha
No solo do país
E, de repente, o silêncio
E a imensa ruptura
O exílio
De qual Oriente ela está falando
Quando menciona suas gestações?
Quatro crianças abençoadas
Criadas quase às cegas
Seus olhos azuis-esverdeados ainda não
Deixaram o Egito da sua vida
É lá que está dormindo para sempre
Essa paz da qual ela se alimenta
E as fotos são viradas
No cantinho da mesa
Eu vejo ela, tão frágil
Derramando algumas lágrimas
Ela se lembra de tudo
Dos perfumes, das cores
O tempo não apagou nada
Estão ali no seu coração
Ela me conta os detalhes
Despreocupada como uma fruta
Que cresceu em meio à batalha
No solo do país
E, de repente, o silêncio
E a imensa ruptura
O exílio
De qual Oriente ela está falando?
Essa bela senhora das lembranças
Quem teve que perdoar o céu
Por ter lhe obrigado a reconstruir
Bem longe, em outro continente
Os rituais que levam anos
Para serem aceitos, sim, mas mesmo assim
Esse foi o preço da sua liberdade
E as fotos envelheceram
O preto e o branco estão se desgastando
Mas seu ar oriental
Permaneceu intacto
Eu vejo ela, tão bela
Pequena e misteriosa
Ela é a mãe da minha mãe
Ela é minha infância feliz
Seu sotaque é como um grito
Uma testemunha da passagem do tempo
Que nenhum de seus vestígios
Jamais vai deixar sua alma
Sua nostalgia me ensina
Que não há fronteira
Para o exílio